Para quê servem as férias?

Servem para perder a sequência dos dias da semana. Perder a noção das horas. Fazer café depois do almoço e saboreá-lo sem pressa. Para andar à pé pelo bairro (ir à locadora, ao mercadinho, à padaria e descobrir quantas coisas mudaram por perto no último ano sem que eu conseguisse ver pelo para-brisas do carro). Fazer bolo de chocolate, com cobertura de chocolate preto e pedaços de chocolate branco às 4 da tarde e comer um pedação às 5. Ir ao cinema na segunda-feira à tarde. Assistir a (quase) todos os filmes em cartaz. Para cuidar de quem a gente ama. Para se deixar cuidar. Para molhar as plantas do jardim. Andar um dia inteiro de pés no chão. Servem para sentir saudade dos amigos. Para reencontrar amigos que há muito não via. Para ajudar os amigos a mudarem e a arrumar a nova casa. Para ficar longe do computador e da Web. Comprar presente para quem eu gosto sem qualquer condicionamento de data. Beijar e abraçar o filho o dia inteiro. Cuidar dos cabelos do filho. Servem para recomeçar. Para traçar novas metas. Testar receitas (culinárias e de vida). Para colocar a mesa para quem amo, com tempo, cuidado, delicadeza, tempero e sensibilidade. Para me ver diante de sentimentos que só dias de maior calmaria me permitem sentir, ver, examinar. Servem para a gente cuidar da casa. Mudar a cor das paredes e a posição das coisas. Para ler o livro que me esperava há tantos meses na estante (e que não fala de Jornalismo). Para ganhar peso (e para perder certos pesos também). Fazer esculturas de jujuba. Ver o capítulo de uma novela antes nunca vista e que todo mundo comenta. Para fazer nada (nada mesmo!) e se sentir bem assim.